segunda-feira, 15 de abril de 2013

Resenha - Moonrise Kingdom

                A história de um jovem casal que se apaixona e decide fugir em meados dos anos 60 pode parecer estranha ao ser aplicada aos personagens principais, crianças de doze anos. Este é, basicamente, o enredo de Moonrise Kingdom, de Wes Anderson. Um dos elementos mais cativantes do filme, porém, é a maneira delicada e divertida com que tal enredo é retratado.
                Suzy é uma garotinha rebelde que participa de um coral de igreja e tem problemas com os pais. Sam é um escoteiro dedicado às suas atividades, com muito interesse em técnicas de acampamento. Eles se conhecem em uma das apresentações de Suzy, e a partir daí começam a trocar cartas e bilhetes que mais tarde se transformam em um plano de fuga para ambos, cansados de suas vidas monótonas.
                O desenrolar dos fatos, que não ocorre de maneira totalmente linear, é acompanhado de uma trilha sonora simples e coesa. Ela é, em sua maior parte, constituída de cantos gregorianos por vozes infantis, o que remete à igreja e às crianças, estabelecendo uma ligação entre dois itens importantes do filme.
Com uma fotografia convidativa e um enquadramento que beira a perfeição, Wes trabalha com uma exploração agradável dos aspectos técnicos, que permeia também a escolha de cores, condizente com a história e a época retradadas no filme.
                A obra é delicada, tratando com sutileza a fase de transição entre infância e pré-adolescência vivida pelos personagens principais, que é marcada pela união entre inocência e curiosidade à medida que eles se apaixonam.
                Pode-se estranhar a princípio o modo adulto com que Suzy e Sam agem, com atitudes maduras que não fazem parte do comportamento de crianças de doze anos. A todo o tempo, os dois são representados com um espírito de independência, coragem e racionalidade, ao longo de sua fuga pela floresta. O estranhamento, contudo, transforma-se em empatia no decorrer do enredo, ao nos depararmos com um casalzinho simpático e despretensiosamente “apaixonado”.
                Tendo como base uma história divertida e tola, o diretor consegue trabalhar de modo a inserir emoção ao enredo, com dramas casuais familiares que envolvem perdas e traições. Tal inserção não é determinante para que o filme seja concebido de maneira dramática, assim como a sutileza no humor da trama impede a propulsão à comédia nonsense. Moonrise Kingdom, dessa forma, é um filme leve e bem equilibrado que explora o imaginário infantil em relação ao primeiro amor.



sábado, 13 de abril de 2013

Resenha Literária - A Culpa é das Estrelas



           A Culpa é das Estrelas é um romance de John Green que narra a história de dois jovens com câncer. Hazel Grace tem câncer nos pulmões e Augustus Waters tem osteossarcoma, um tipo de câncer nos ossos. Eles se conhecem em um grupo de apoio da Igreja e juntos partilham um romance digno de um filme hollywoodiano.
            A narrativa presente no livro, na perspectiva da garota, flui de maneira fácil e despretensiosa, prendendo o leitor com pitadas de humor negro e trechos inteligentes. Os personagens são divertidos e as situações vividas por eles são das mais diversas, tendo sempre a doença como plano de fundo.
            Entretanto, o clichê presente no par antitético formado entre doença e amor parece forçar a barra em alguns momentos do livro: o autor deixa bem claro, através da narrativa da garota, que ambos estão conscientes da morte e ao mesmo tempo se amam incondicionalmente, o que pode soar um pouco exagerado ao se considerar suas idades (16 e 17 anos). Além disso, há certos momentos em que a protagonista parece não ter emoções que seriam de se esperar que naturalmente surgissem, o que pode incomodar um pouco o leitor mais sentimental.
            Apesar de conter uma mensagem bastante interessante sobre a tragédia da vida e do amor, a obra parece pré-programada para aflorar emoções de pré-adolescentes bobinhas. Durante todo o enredo, o livro segue à risca a receita para uma história de drama romântico de sucesso, abusando de frases prontas que já provaram sua força no mundo literário juvenil. Na medida em que são percebidas, essas características fazem com que o “drama” perca sua beleza, se tornando deveras artificial e superestimado.
            Julgamentos à parte, A Culpa é das Estrelas é um livro de leitura fácil e relaxante, recomendável para ser lido sem grandes expectativas. Ele acaba convencendo na concepção de drama água-com-açúcar em que provavelmente foi escrito. O que atrapalhou a obra foi sua superestimação por parte do público-alvo leitor.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Pelo amor ou pela dor

     Não queria que as coisas tivessem tido esse desfecho. Eu sei que todas as coisas passam, mas eu queria que a gente tivesse durado mais. Mesmo assim, não teria feito nada diferente se pudesse voltar atrás, foi tudo bom da maneira em que aconteceu.
     O que me incomoda, de verdade, foi o nosso adeus. Ou melhor, a falta dele. Tudo acabou tão de repente! Em um momento estávamos juntos, no outro, separados por uma barreira invisível e intransponível. O que foi que aconteceu? Alguma inconveniência do destino, ou puro descaso provocado pelas mudanças?
     A vida às vezes prega essas peças na gente, mesmo: vem o futuro, as mudanças, novidades... E de repente nós já estamos completamente desligados do que antes era o presente. E o que antes tinha uma aparência imutável, permanente, se transforma em efêmero, distante... Tão distante que não dá mais pra voltar atrás e tentar resgatar o que ficou perdido. Assim é a vida, assim é seu caminhar. De qualquer maneira, ainda não aceito que o tempo tenha nos vencido para dar espaço à coisas que não necessariamente são melhores do que aquelas vividas por nós.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Resenha - Ferrugem e Osso



            “Ferrugem e Osso” é um drama francês de 2013, dirigido por Jacques Audiard. É baseado em um livro de mesmo nome (Rust and Bone em inglês) e foi indicado a vários prêmios, como a Palma de Ouro em Cannes e o Globo de Ouro.
             O filme conta a história de Ali, que se vê desempregado com um filho de cinco anos para cuidar. Ele decide ir morar com a irmã e consegue arrumar um emprego como segurança de boate. É lá que ele conhece Stephanie (Marion Cotillard – linda como sempre!), ao apartar uma briga. Ela é treinadora de orcas, até que um dia sofre um acidente em seu trabalho que a faz perder as duas pernas. Esse é, basicamente, o contexto em que se desenrola o enredo do filme, permeado por sentimentos como solidão, incapacidade e amor.
            À medida que vão se conhecendo melhor, Ali e Stephanie desenvolvem uma relação que a princípio pode ser caracterizada como amizade, mas que ao longo do filme vai tomando outras formas, o que dá espaço para uma exploração de vários quesitos técnicos do filme de maneira bonita e tocante.
             A fotografia do filme é muito bonita, com cenas iluminadas (adoro!) e enquadramentos bem feitos. As cenas da praia e o “reencontro” de Stephanie com a baleia merecem destaque nesses aspectos.             No geral, o filme consegue transmitir a mensagem que deseja através do cenário e do ambiente, o que é bem interessante, pois provoca uma imersão do espectador na história. Entretanto, é possível sentir certo vazio nas transições entre as cenas. Muitas vezes, elas parecem um tanto desconexas e abruptas, fazendo com que o filme apresente uma deficiência na fluidez das imagens.
             A trilha sonora é um caso à parte! A primeira faixa é Wash, do Bon Iver. Também faz parte da trilha a música Firework, da Katy Perry, que combina muito bem com a cena. A escolha das faixas é pertinente durante todo o filme, unindo-se com as imagens de maneira quase perfeita. A seleção de Wolves (Act I and II), também do Bon Iver, dá um ar nostálgico e emocionante à última cena.
             Mesmo podendo ser um pouco cansativo em alguns momentos, Ferrugem e Osso é um bom filme, com bons momentos e uma história muito bonita. Interessante ressaltar que mesmo sendo um filme dramático, o andamento do filme não provoca aquela sensação de que foi feito para fazer chorar. Ele passa longe de dramas clichês, sendo simplesmente bonito.

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Vida Plena

     Que minha vida seja plena. É só isso o que eu peço pro cara que fez isso tudo, esse mundão todo. Só me basta ter uma vida plena, o resto eu vou arranjando no meio do caminho. Os erros, os acertos, as incertezas, amores, não-amores... Isso e todas as outras coisa eu consigo criar e resolver à medida que for vivendo; só preciso da vontade de continuar seguindo em frente, tarefa essa que parece tão difícil em alguns momentos...!
     Meu escudo é minha determinação, minha bagagem são as memórias, e assim eu vou caminhando, colhendo as flores que me aparecerem no caminho e me desviando das pedras e buracos, já que eles também existem. Quem quiser me acompanhar nessa jornada será muito bem-vindo.
     E é assim, nessa caminhada gloriosa, que eu sigo intuitivamente, na esperança de concretizar o desejo de uma vida plena, com realizações memoráveis, enganos divertidos e lembranças nostálgicas. Mas, acima de tudo, a certeza de deixar a longa caminhada circundada por pura paz de espírito.