quinta-feira, 26 de junho de 2014

Infandous

Você nunca esteve lá quando eu precisei
Por mais que eu procurasse, eu nunca te encontrei
Você nunca fez parte do que eu chamo de família
talvez por causa da sua obsessão doentia

Você não me conhece, nem nunca conheceu
E eu ainda pergunto o que foi que aconteceu
Sempre substituiu sua presença por dinheiro
Mas e se eu precisasse de carinho primeiro?

Você vive prometendo que vai mudar
Pena que nisso eu não consigo acreditar
Pense em mim quando olhar para trás
Não dá tempo de consertar seus erros
Não dá tempo de voltar atrás

Até quando vamos continuar vivendo como estranhos?

(01/02/2011)

quinta-feira, 27 de março de 2014

Resenha – O Bebê de Rosemary

      “O Bebê de Rosemary” é um livro escrito por Ira Levin em 1967, que um ano mais tarde foi adaptado para o cinema sob a direção de Roman Polanski. O livro conta a história de Rosemary Woodhouse, que se muda para o edifício Bramford com seu marido Guy. Ela engravida pouco tempo depois de se mudar pra o antigo e sombrio edifício e, no decorrer da história, descobre que seus amáveis e prestativos vizinhos na verdade fazem parte de uma seita ocultista. O objetivo do casal Castevet, que demonstra todo o tipo de preocupação com a gravidez de Rosemary, é raptar o bebê para que ele seja criado como o filho do demônio.
     A história, que é narrada em terceira pessoa, se desenvolve com uma dose certa de mistério. Rosemary passa grande parte da trama sem desconfiar de nada. Quando ela percebe que está sendo manipulada por aqueles que ela pensou poder confiar, sentimos seu desespero ao descobrir gradativamente que todas as pessoas próximas a ela estão envolvidas no terrível pacto, ao mesmo tempo em que tenta se livrar do terrível futuro que espera por ela e o bebê.
     É interessante notar os diversos paradigmas usados por Ira. O casal de velhinhos, que teoricamente não seriam capazes de machucar ninguém, se transformam em poderosos bruxos com intenções satânicas. O marido de Rosemary, que aparentava ser tão amável para com a esposa, acaba fazendo parte da seita. A personagem principal, anteriormente católica fervorosa, se vê vítima de um dos planos mais satânicos da história.
     A principal “brincadeira” feita pelo autor tem relação com Rose e a religião: assim como Maria, ela foi escolhida dentre várias mulheres para abrigar o fruto do que seria um divisor de águas para a humanidade. Tomando a história por esse lado religioso, fica bem clara a dualidade bem/mal embutida no enredo.
     O autor consegue prender a atenção do leitor com um suspense constante e bem manipulado, fazendo com que sintamos na pele o desespero da mulher, que luta pela segurança do bebê. O livro é curto e direto e o desenrolar dos fatos acontece de forma coesa e ininterrupta, quase como um soco na barriga a cada página.
     A linguagem é simples e os diálogos são diretos; há pouco rebuscamento, o que provoca uma imersão na realidade da vida do casal, que várias vezes conversa sobre assuntos cotidianos como a mobília do apartamento novo.

     “O Bebê de Rosmeary” é um ótimo livro para os amantes do suspense, que conduz o leitor para um final inequívoco e ainda assim surpreendente.

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Platônico

Na inércia de tudo
sua imagem permaneceu
O reflexo era puro
distante do que já morreu

Tentei te refazer
na minha mente e no papel
e a cada amanhecer
a vontade era mais cruel

Mas do que adianta
procurar e não receber?
Se por onde você anda
meus pés nunca vão correr


terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Resenha - Persépolis

   
        Persépolis é uma animação francesa de 2007, dirigida por Vincent Paronnaud e Marjane Satrapi. O filme autobiográfico, vencedor de vários prêmios da indústria cinematográfica mundial, é uma adaptação do romance gráfico de mesmo nome. Ele conta a história de uma moradora do Irã, que assiste à queda da ditadura do Xá Reza Pahlevi e a revoluções populares durante as décadas de 70 e 80.
            O filme se inicia mostrando a infância de Marjane, junto de seus parentes adeptos de filosofias ocidentais. A menina, que é educada de modo a perceber várias falhas no sistema e na sociedade em que vive, é mandada à Áustria para estudar. Lá, ela desenvolve sua personalidade e descobre um modo de vida completamente diferente do que estava acostumada em Teerã, a cidade onde cresceu.
            Através de uma narrativa bem-humorada que mescla a história de um país com acontecimentos pessoais vividos pela autora e personagem principal, Persépolis consegue prender o espectador ao mesmo tempo em que relata as dificuldades existenciais de Marjane. Ela, que se sentia incomodada com as imposições de seu país, também experimenta uma espécie de deslocamento na Áustria, sentindo-se insegura por ser do Irã.
            À medida que a trama vai se desenvolvendo, o espectador acompanha capítulos da vida de Marjane, que são apresentados em preto e branco e com um traçado simples, que não se preocupa em ser realista.

            Não é necessário um conhecimento prévio muito profundo acerca do Oriente Médio para simpatizarmos com Persépolis; o filme explica de forma leve e coesa a realidade daquela região, podendo ser classificada como uma animação voltada principalmente para o público adulto, mas que entretém a toda a família.