segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Sobre o fim

     Para me lembrar de você, não preciso de muita coisa. Basta eu dar play naquela música para que, inconsciente e subjetivamente, todas as lembranças mostrem a cara. Nem sempre são lembranças boas, admito, mas o conjunto delas é suficiente para estancar o sofrimento.
     Engraçado pensar que quando tudo começou não era nada sério. Eu fui  me deixando levar pela despretensão, sem nem ao menos pensar no fim que a nossa "história" poderia ter.
     A música continua tocando... Aquela música que me fez chorar como uma criança ao perceber que não, eu não te encontraria ali no meio da multidão. Nem ali, nem em lugar nenhum. Cada nota do piano parecia caçoar de mim, dos meus sentimentos tão frágeis quanto as lágrimas que eu tentei esconder com os óculos de sol.
     Você ainda pensa em mim quando alguma música começa a tocar? Você ainda pensa em mim? O que nos uniu foi a minha ilusão, mas quando isso aconteceu já era tarde demais... Você já não era mais parte do todo; se é que ele um dia existiu.
     Agora eu fico aqui, escutando a música repetidamente na esperança de que os acordes me tirem dos devaneios e me tragam de volta para a vida real. E esperando, acima de tudo, compreender um fato elementar: a gente é feito pra acabar.


segunda-feira, 12 de agosto de 2013

O Sol e as memórias

     Seu cabelo ainda está no meu travesseiro. Seu cheiro ainda está grudado em mim. Só faz uma semana que você foi embora, mas eu sei que dessa vez você não vai voltar. Então eu fico me agarrando às lembranças de nós dois, enquanto tento ignorar o sofrimento.
     Já tentei várias maneiras de me libertar, mas você parece sempre vencer. Exausta pelas tentativas, eu cedo e me deixo levar com a avalanche de memórias.
     A certeza da perda é maior que a esperança do reencontro; de qualquer maneira, eu procuro seu olhar no meio da multidão de semblantes desconhecidos. Faço isso até que eles se tornem ameaçadores, e então eu fecho os olhos, resignada.
     Agora você está longe, eu sei, e não há mais nada que eu possa fazer. O que me acalma é pensar que o Sol que me acorda é o mesmo que banha a sua pele, todas as manhãs. E assim, dou início a mais um dia sem você. Porque é desse jeito que as coisas devem ser.